Desenterrado em 1975, o crânio de Luzia é o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas. Transportado de Minas Gerais para o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, permaneceu anos esquecido entre caixas e refugos do acervo da instituição. Foi ali que o arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo, USP, o encontrou alguns anos atrás. Ao estudá-lo, fez descobertas surpreendentes. Os traços anatômicos de Luzia nada tinham em comum com o de nenhum outro habitante conhecido do continente americano. A medição dos ossos revelou um queixo proeminente, crânio estreito e longo e faces estreitas e curtas. De onde teria vindo Luzia? Seria ela remanescente de um povo extinto, que ocupou a América há milhares e milhares de anos e acabou dizimado em guerras ou catástrofes naturais? A hipótese de Walter Neves acaba de ser reforçada por um trabalho feito na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Com a ajuda de alguns dos mais avançados recursos tecnológicos, os cientistas ingleses reconstituíram pela primeira vez a fisionomia de Luzia. O resultado é uma mulher com feições nitidamente negróides, de nariz largo, olhos arredondados, queixo e lábios salientes. São características que a fazem muito mais parecida com os habitantes de algumas regiões da África e da Oceania do que com os atuais índios brasileiros.
Luzia era uma mulher baixa, de apenas 1,50 metro de altura. Comparada aos seres humanos atuais, tinha uma compleição física relativamente modesta para seus 20 e poucos anos de idade. Sem residência fixa, perambulava pela região onde hoje está o Aeroporto Internacional de Confins, nos arredores de Belo Horizonte, acompanhada de uma dúzia de parentes. Não sabia plantar um pé de alface sequer e vivia do que a natureza agreste da região lhe oferecia. Na maioria das vezes se contentava com os frutos das árvores baixas e retorcidas, uns coquinhos de palmeira, tubérculos e folhagens. Em ocasiões especiais, dividia com seus companheiros um pedaço de carne de algum animal que conseguiam caçar. Eram tempos difíceis aqueles e Luzia morreu jovem. Foi provavelmente vítima de um acidente, ou do ataque de um animal, e não teve direito nem mesmo a sepultura. O corpo ficou jogado numa caverna, enquanto o grupo seguia em sua marcha errante pelo cerrado mineiro. Durante 11.500 anos, Luzia permaneceu num buraco, coberta por quase 13 metros de detritos minerais. Agora, passados mais de 100 séculos, a mais antiga brasileira está emergindo das profundezas de um sítio arqueológico para a notoriedade do mundo científico.
Luzia era uma mulher baixa, de apenas 1,50 metro de altura. Comparada aos seres humanos atuais, tinha uma compleição física relativamente modesta para seus 20 e poucos anos de idade. Sem residência fixa, perambulava pela região onde hoje está o Aeroporto Internacional de Confins, nos arredores de Belo Horizonte, acompanhada de uma dúzia de parentes. Não sabia plantar um pé de alface sequer e vivia do que a natureza agreste da região lhe oferecia. Na maioria das vezes se contentava com os frutos das árvores baixas e retorcidas, uns coquinhos de palmeira, tubérculos e folhagens. Em ocasiões especiais, dividia com seus companheiros um pedaço de carne de algum animal que conseguiam caçar. Eram tempos difíceis aqueles e Luzia morreu jovem. Foi provavelmente vítima de um acidente, ou do ataque de um animal, e não teve direito nem mesmo a sepultura. O corpo ficou jogado numa caverna, enquanto o grupo seguia em sua marcha errante pelo cerrado mineiro. Durante 11.500 anos, Luzia permaneceu num buraco, coberta por quase 13 metros de detritos minerais. Agora, passados mais de 100 séculos, a mais antiga brasileira está emergindo das profundezas de um sítio arqueológico para a notoriedade do mundo científico.
Chegada do homem na América
Todas essas novidades arqueológicas ajudaram a reformular as antigas teorias sobre a ocupação da América. Hoje, os principais centros de estudos já trabalham com a hipótese de que quatro ondas migratórias vindas da Ásia chegaram ao continente americano. A primeira é a defendida por Neves e Pucciarelli. A segunda onda é formada pelos povos mongóis, de 12.000 anos atrás, que deram origem aos índios de hoje. A terceira é dos chamados nadenes, povo que se estabeleceu na costa oeste americana. A quarta é a corrente migratória composta pelos esquimós. Os arqueólogos calculam que essas duas últimas chegaram à América entre 5.000 e 10.000 anos atrás.
O Brasil há 11 000 anos
Luzia e seu grupo viviam num país muito diferente do que conhecemos hoje. A temperatura era pelo menos 5ºC mais fria que a atual. Animais gigantescos reinavam em savanas, campos e florestas, formando uma fauna exótica que acabou extinta.
Luzia e seu grupo viviam num país muito diferente do que conhecemos hoje. A temperatura era pelo menos 5ºC mais fria que a atual. Animais gigantescos reinavam em savanas, campos e florestas, formando uma fauna exótica que acabou extinta.
O CLIMA – O final do período pleistoceno foi marcado por grandes alterações climáticas. A Idade do Gelo chegou ao fim, o nível dos oceanos subiu drasticamente e o clima frio passou por um gradual aquecimento.
OS HABITANTES – Coletores que se alimentavam de frutos, tubérculos e folhagens. Caçavam eventualmente. Viviam em grupos de cerca de dez pessoas. Suas ferramentas eram primitivas, mas capazes de tecer redes. Faziam pinturas rupestres.
A PAISAGEM – Com o clima mais frio do que o atual, o Brasil era dominado por campos e cerrados. A Floresta Amazônica ainda não existia. Próximo aos rios havia árvores de até 6 metros de altura.
Fontes:
-Revista Veja - 25/08/ 1999
-História para o ensino médio - Gilberto Cotrim
-História - Cláudio Vicentino