Nas primeiras linhas de História do Mundo em 6 Copos, o leitor é informado de que um ser humano pode sobreviver semanas sem comer, mas duraria apenas uns poucos dias sem líquidos. Esse fato fisiológico simples serve como um lembrete dramático da importância do tema do livro – as bebidas e sua influência na história. O jornalista inglês Tom Standage, editor de tecnologia da revista The Economist, demonstra que a bebida é uma necessidade vital não apenas para o indivíduo, mas também para as civilizações. De acordo com sua argumentação, os seis copos anunciados no título – cerveja, vinho, destilados, café, chá e Coca-Cola – serviram de esteio econômico para impérios e ajudaram a moldar a cultura de sucessivas eras.
Sem a invenção dessas beberagens maravilhosas, o ser humano dificilmente teria deixado a vida de nômade para se fixar em aldeias, vilas, cidades. Aglomerações humanas tendem a contaminar as fontes de água pura. A cerveja foi um dos primeiros meios de contornar esse problema: o álcool produzido pela fermentação do cereal garantia que o líquido seria razoavelmente salubre. A bebida era, além disso, uma fonte alternativa de calorias que não corria o risco de ser devorada por insetos ou bichos. Sumérios e egípcios estão entre os povos antigos que adotaram a cerveja como sua bebida preferencial. Um provérbio do Egito antigo rezava que, se um homem está contente, sua boca só pode estar cheia de cerveja. Os gregos preferiram o vinho e fizeram dessa bebida uma forma de distinção cultural. Seus banquetes tinham regras estritas para a diluição da bebida – tomar vinho puro era prática dos povos "bárbaros". O Império Romano herdou esse gosto pelo vinho, acrescentando um toque mais elitista a seu consumo: nas festas romanas, vinhos de diferentes qualidades eram servidos de acordo com a posição social de cada convidado.
Já os destilados aparecem com a expansão colonial do século XVI, quando o conhaque, o uísque e principalmente o rum entraram na corrente sanguínea do comércio mundial. Fáceis de conservar, os destilados se prestavam para as grandes travessias marítimas. O rum chegou a ser usado como moeda para comprar os escravos africanos que, no Novo Mundo, plantariam cana para a produção de açúcar – e de mais rum.
Depois dessa vasta era alcoólica, 6 Copos conduz o leitor aos tempos racionalistas da cafeína, estimulante que se encontra no café, no chá e na Coca-Cola, sendo estes últimos a marcas dos impérios e da globalização.
Este livro mostra como a bebida faz parte da vida e da história do homem.
Sem a invenção dessas beberagens maravilhosas, o ser humano dificilmente teria deixado a vida de nômade para se fixar em aldeias, vilas, cidades. Aglomerações humanas tendem a contaminar as fontes de água pura. A cerveja foi um dos primeiros meios de contornar esse problema: o álcool produzido pela fermentação do cereal garantia que o líquido seria razoavelmente salubre. A bebida era, além disso, uma fonte alternativa de calorias que não corria o risco de ser devorada por insetos ou bichos. Sumérios e egípcios estão entre os povos antigos que adotaram a cerveja como sua bebida preferencial. Um provérbio do Egito antigo rezava que, se um homem está contente, sua boca só pode estar cheia de cerveja. Os gregos preferiram o vinho e fizeram dessa bebida uma forma de distinção cultural. Seus banquetes tinham regras estritas para a diluição da bebida – tomar vinho puro era prática dos povos "bárbaros". O Império Romano herdou esse gosto pelo vinho, acrescentando um toque mais elitista a seu consumo: nas festas romanas, vinhos de diferentes qualidades eram servidos de acordo com a posição social de cada convidado.
Já os destilados aparecem com a expansão colonial do século XVI, quando o conhaque, o uísque e principalmente o rum entraram na corrente sanguínea do comércio mundial. Fáceis de conservar, os destilados se prestavam para as grandes travessias marítimas. O rum chegou a ser usado como moeda para comprar os escravos africanos que, no Novo Mundo, plantariam cana para a produção de açúcar – e de mais rum.
Depois dessa vasta era alcoólica, 6 Copos conduz o leitor aos tempos racionalistas da cafeína, estimulante que se encontra no café, no chá e na Coca-Cola, sendo estes últimos a marcas dos impérios e da globalização.
Este livro mostra como a bebida faz parte da vida e da história do homem.
1. VINHO
A bebida da elite
Bebida preferida dos gregos e romanos da Antiguidade, o vinho sempre implicou distinções de classe. Em Roma, até os pobres bebiam vinho – mas as melhores vinhas e as safras envelhecidas eram privilégio dos patronos ricos
2. CHÁ
A bebida do imperialismo
No século XVIII, o comércio do chá foi um dos fundamentos econômicos do Império Britânico. Mas não só por isso o chá se tornou a bebida nacional inglesa: seus rituais de preparação condiziam com a auto-imagem da Grã-Bretanha como a mais civilizada das potências
3. CERVEJA
A bebida da civilização
Feita com grãos de cereais fermentados, a cerveja era uma bebida de elaboração simples e conservação relativamente fácil. Popularizou-se entre as primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito – o que faz dela a primeira bebida da história a ter importância econômica e cultural
4. COCA-COLA
A bebida da globalização
Inventada por um farmacêutico de Atlanta, Geórgia, no fim do século XIX, a Coca-Cola se transformou em símbolo do poder econômico americano. Mas, como a marca mais conhecida do mundo, também é uma espécie de patrimônio internacional – o refrigerante que tantos dizem odiar e que todos bebem
5. DESTILADOS
A bebida da colonização
Graças a seu alto teor alcoólico, destilados como conhaque, uísque e rum resistiam bem às demoradas viagens marítimas do século XVI. Chegaram até a ser usados como moeda de troca no comércio dos escravos que iam trabalhar nas colônias do Novo Mundo
A bebida da elite
Bebida preferida dos gregos e romanos da Antiguidade, o vinho sempre implicou distinções de classe. Em Roma, até os pobres bebiam vinho – mas as melhores vinhas e as safras envelhecidas eram privilégio dos patronos ricos
2. CHÁ
A bebida do imperialismo
No século XVIII, o comércio do chá foi um dos fundamentos econômicos do Império Britânico. Mas não só por isso o chá se tornou a bebida nacional inglesa: seus rituais de preparação condiziam com a auto-imagem da Grã-Bretanha como a mais civilizada das potências
3. CERVEJA
A bebida da civilização
Feita com grãos de cereais fermentados, a cerveja era uma bebida de elaboração simples e conservação relativamente fácil. Popularizou-se entre as primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito – o que faz dela a primeira bebida da história a ter importância econômica e cultural
4. COCA-COLA
A bebida da globalização
Inventada por um farmacêutico de Atlanta, Geórgia, no fim do século XIX, a Coca-Cola se transformou em símbolo do poder econômico americano. Mas, como a marca mais conhecida do mundo, também é uma espécie de patrimônio internacional – o refrigerante que tantos dizem odiar e que todos bebem
5. DESTILADOS
A bebida da colonização
Graças a seu alto teor alcoólico, destilados como conhaque, uísque e rum resistiam bem às demoradas viagens marítimas do século XVI. Chegaram até a ser usados como moeda de troca no comércio dos escravos que iam trabalhar nas colônias do Novo Mundo
Fonte:
Jeônimo Teixeira - Revista Veja